Quarta-Feira, dia 11 de Maio de 2011
O polvo assado no forno representa os Açores no concurso das 7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa. Foi o único a passar aos 21 seleccionados agora com votação aberta ao público. Para trás ficou, além da Alcatra da Terceira, das Sopas do Espírito Santo ou do Cozido das Furnas, sobretudo o marisco. A Confraria dos Gastrónomos dos Açores refere que se tratou de “desconhecimento” do júri.
O polvo assado no forno é o único prato açoriano que integra os 21 finalistas no concurso das 7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa.
A selecção foi conhecida este fim-de-semana, no sábado, 7 de Maio, dia que marcou o arranque da votação, pelo público, dos pratos favoritos (www.7maravilhas.sapo.pt), que termina a 7 de Setembro.
Dos 18 receitas açorianas pré-seleccionadas, candidatadas na sua maioria pela Confraria dos Gastrónomos dos Açores, apenas este prato na categoria dos peixes fica assim como potencial prato a integrar a lista dos sete melhores.
António Cavaco, da Confraria dos Gastrónomos dos Açores, responsável pela apresentação deste prato, refere que o apuramento do polvo assado no forno, além de demonstrar que existe boa gastronomia nas ilhas, revela que se tratou de um produto considerado “distinto” de outros no país: “de facto, prova que temos boa cozinha, que temos boa gastronomia, e que temos que algo nos distingue, em termos de paladar, que é o polvo”.
“Júri soberano”
Para trás, ficaram pratos como as Sopas do Espírito Santo, a Alcatra da ilha Terceira ou o Cozido das Furnas.
No entendimento do responsável pela confraria, o “júri é soberano”: “esses pratos poderiam lá estar, mas o júri é soberano. E nestas circunstâncias, acabaram por decidir que fossem outros os pratos que candidatamos”.
Quanto à receita de polvo assado no forno que a confraria dos gastrónomos vai escolher, o responsável diz que, apesar das receitas serem diferentes de ilha para ilha, ela é “transversal” a todas as ilhas: “O polvo é transversal a todas as ilhas dos Açores e portanto, quer numa ou noutra, de Santa Maria ao Corvo, come-se, confecciona-se, faz-se polvo, das mais variadas maneiras”.
“Essa é uma variante, mas é transversal a todas, porque é um prato que identifica perfeitamente qualquer das nossas ilhas, não tem distinção ser desta ou daquela ilha”, desvalorizando qualquer bairrismo nesta questão e apelando à importância de “saber valorizar o que é nosso”: “só podemos amar aquilo de que gostamos e só podemos defender aquilo que de facto conhecemos”.
Júri “falhou” no marisco
É no capítulo dos mariscos que a Confraria mostra discordar da opinião do júri, uma vez que as cracas, as lapas e o cavaco foram uma aposta forte da candidatura açoriana que ficou para trás: “poderia ter havido, de facto, uma outra leitura, mas o júri não o entendeu assim, talvez por desconhecimento”.
É por isso que António Cavaco refere que, em termos de categoria, “o marisco tem, no meu ponto de vista, uma apresentação pobre, já que, num caso, apresenta uma confecção que é um “arroz de…” – não confundamos as coisas, é um processamento de outro produto –, e o “xarém de…”. Marisco, marisco acabamos por ter só um bivalve que é amêijoa à Bulhão Pato”.
“Ai, parece-me que o júri – perdoem-me este desaforo – não terá tido o palato no lugar certo, porque no marisco, nós tínhamos marisco imbatível”, assenta.
Promoção regional e nacional
Para a semana, conta, a promoção do polvo açoriano vai arrancar em Ponta Delgada: “a próxima iniciativa que vamos promover vai ser uma apresentação regional, já a acontecer na próxima semana, associado a um evento que vamos ter em Ponta Delgada. Já foram feitos mails para instituições e algumas associações para dar conhecimento como vamos agora evoluir na apresentação e na programação”.
Em termos nacionais, disse, a televisão pública portuguesa deverá dedicar programação ao prato açoriano, aos restantes 20 pratos: “vamos começar também com um programa que já esta a ser gizado pela própria organização das 7 Maravilhas, ligado à RTP/1 para divulgar todas as 21 maravilhas seleccionadas”.
Lista final poderá não ter 7 pratos
Desta vez, e ao contrário do que se passou na anterior votação das 7 Maravilhas Naturais de Portugal, em que eram apurados vencedores por cada uma das categorias existentes, nas Maravilhas da Gastronomia, poderá dar-se a eleição de mais de um prato (máximo de três) por categoria.
Ou seja, a lista final das 7 maravilhas nacionais à mesa poderá não ser constituída por um eleito saído de cada categoria (entradas/sopas/marisco/peixe/caça/carne doce).
Isto porque a votação será contabilizada pelo número máximo de votos. Cada votante tem de obrigatoriamente escolher sete pratos, repetindo, se desejar mais do que um na mesma categoria.
Em termos de representatividade territorial, há um máximo de dois pratos por região a figurar nos 7 eleitos finais.
Os resultados deste concurso, organizado pela empresa “New 7 Wonders Portugal, SA”, serão conhecidos dia 10 de Setembro, em Santarém.
As 21 finalistas
Conheça aqui os 21 finalistas de onde sairão os sete mais votados pratos portugueses pelo público. A descrição de cada um dos três pratos das sete categorias existentes podem ser consultados e votados no seguinte endereço electrónico: www.7maravilhas.sapo.pt.
Entradas:
- Alheira de Mirandela (IG) (Trás-os-Montes e Alto Douro)
- Pastel de bacalhau (Lisboa e Setúbal)
- Queijo Serra da Estrela – DOP (Beira Litoral / Beira Interior)
Sopas:
- Açorda à Alentejana (Alentejo)
- Caldo Verde (Entre Douro e Minho)
- Sopa da Pedra (Estremadura e Ribatejo)
Marisco:
- Amêijoas à Bulhão Pato (Lisboa e Setúbal)
- Arroz de Marisco (Estremadura e Ribatejo)
- Xarém com Conquilhas (Algarve)
Peixe:
- Bacalhau à Gomes de Sá (Entre Douro e Minho)
- Polvo Assado no Forno (Açores)
- Sardinha Assada (Lisboa e Setúbal)
Caça:
- Coelho do Porto Santo à Caçador (Madeira)
- Coelho à Caçador (Beira Litoral)
- Perdiz de Escabeche de Alpedrinha (Beira Interior)
Carne:
- Chanfana (Beira Litoral)
- Leitão da Bairrada (Beira Litoral)
- Tripas à Moda do Porto (Entre Douro e Minho)
Doces:
- Pastéis de Tentúgal (IG) (Beira Litoral)
- Pastel de Belém (Lisboa e Setúbal)
- Pudim Abade de Priscos (Entre Douro e Minho)
Fonte: A União, 11-05-2011
http://www.auniao.com/noticias/ver.php?id=23821