Quinta-Feira, dia 31 de Maio de 2012
O V Congresso Internacional sobre as Festas do Espírito Santo, que arranca amanhã, na ilha Terceira, poderá ser o palco para voltar a propor a manifestação açoriana à classificação de Património Imaterial da Humanidade. Uma candidatura, a efectuar junto da UNESCO, que traria mais valias, a vários níveis, para a região.
Ao todo estão inscritos perto de 70 participantes na quinta edição do Congresso Internacional sobre as Festas do Espírito Santo que começa amanhã na ilha Terceira e prossegue até Domingo.
Ao longo de quatro dias, especialistas, conhecedores e devotos irão debater e vivenciar aquela que é uma das mais enraizadas manifestações açorianas.
Estão previstas 32 comunicações que abordarão as diferentes formas que o culto assume, seja nas ilhas, no Brasil, nos Estados Unidos da América, no Canadá e no continente português.
Mas deste congresso, que se realiza numa unidade hoteleira em Angra do Heroísmo, poderá sair a formalização de uma proposta para candidatar as festividades do Espírito Santo à categoria de património imaterial da humanidade.
Isso mesmo antecipou Manuel Serpa, um dos palestrantes do encontro: “vamos propor, se o congresso assim o entender, que dele saísse uma resolução ou algo do género, que propiciasse a possibilidade de uma candidatura das manifestações do Espírito Santo, em especial das irmandades do Espírito Santo, a Património Imaterial da Humanidade, porque é um caso, de facto, singular”.
A concretizar-se, trata-se da segunda tentativa para tal classificação, uma vez que há cerca de dez anos, a socióloga Antonieta Costa, já tinha formalizado essa mesma pretensão junto da UNESCO.
O orador do congresso refere que com “a força de um congresso”, será “diferente”: “se do próprio congresso resultasse essa solução, acho que teria mais possibilidades de vingar”.
MAIS VALIAS SOCIAIS CULTURAIS E TURÍSTICAS
Manuel Serpa refere que o reconhecimento da singularidade das festas do Espírito Santo açorianas representaria uma mais valia a vários níveis: “era uma mais valia extraordinária porque aprofundaria uma manifestação, porque tornar-se-ia em motivo de curiosidade: como é que foi possível manter, durante séculos, essa manifestação e, sobretudo, hoje, vivê-la, não só nos Açores, mas por todo o sítio onde estão açorianos – naturalmente que isso teria consequências do ponto de vista social, cultural e turístico, não há dúvida”.
Para o conferencista, a importância de encontros como o do Congresso Internacional, promovido pela direcção regional das Comunidades, está no aprofundar do passado para perceber o presente de um fenómeno muito vivido nas ilhas e fora delas: “todos nós sabemos que o Espírito Santo para os açorianos é algo muito especial, mas a nossa obrigação é aprofundar cada vez mais quer a raízes históricas, quer as manifestações actuais – isso é muito importante”.
“Há muitas pessoas interessadas nesses fenómenos. Naturalmente, quando uma manifestação vem do passado e se mantém viva e sobretudo capta ainda gente jovem – isso releva uma manifestação que merece ser estudada”, reforça.
A GRANDE VIAGEM E A GESTA DO CULTO
“Este congresso, como os anteriores, contará com a presença de participantes das comunidades radicadas nos Estados Unidos da América, Canadá, Bermuda, Hawai, Brasil, Uruguai, Portugal Continental e Açores”, refere nota do programa do V Congresso.
Nesta edição, o arranque do encontro, esta quinta-feira, 31 de Maio, irá concentrar-se, a partir das 19H30, no Museu de Angra do Heroísmo, para a sessão solene de abertura, para a actuação do Grupo Folclórico e Etnográfico “Modas da Nossa Terra” e para a visita à exposição “A Contemporaneidade da Herança Açoriana” de Mari Lyn e Vernon Salvador.
Os trabalhos, propriamente ditos, arrancarão no Terceira Mar Hotel, em Angra do Heroísmo, na sexta-feira de manhã e contarão com várias conferências, entre elas, “Das origens do Culto do Espírito Santo em Santa Maria à prática actual” pelo Pe. Francisco Dolores e um painel dedicado à “Grande Viagem” que o culto fez no Brasil e no Canadá, moderado por João Leal e com as colaborações de Joi Cletison Alves, Itaara Gomes Pires, Jairton Ortiz da Cruz, Carin Heloisa Machado, João António Cardoso, Marcelo Calazans Ribeiro e Marco Velho Pereira.
Depois do almoço o congresso será dedicado à “Gesta do Culto”, com moderação de Maria Antonieta Costa e Maria da Graça Borges Castanho e com diversas colaborações de oradores, completando-se o dia com a actuação do grupo brasileiro “Açorianidade Capixaba”.
No sábado, o encontro começa com uma conferência de João Leal e a manhã vai debater as “Espiritualidades e Materialidades” do culto, com moderação a cargo de Paulo Teves e de outros especialistas. Ao início da tarde haverá o visionamento de um filme sobre a temática, após o qual dar-se-á por encerrado o congresso. Contudo, o programa social prevê ainda a participação num cortejo do pão para a dispensa, reza do terço e convívio com “mesa posta” nesse mesmo dia.
No Domingo, 3 de Junho, os participantes estão convidados para uma festa do Espírito Santo em São Brás, na Praia da Vitória e para uma função na Casa do Povo nessa mesma freguesia.
Fonte: A União,
http://www.auniao.com/noticias/ver.php?id=28196